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domingo, 13 de fevereiro de 2011

SAIU NA IMPRENSA_ DIÁRIO DO NORDESTE


DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Baixa qualificação compromete os tratamentos

Segundo estudo, de cada 100 pessoas que iniciam o tratamento, 50% recaem nos primeiros seis meses


O processo de tratamento de dependentes químicos é longo e difícil. O usuário que busca ajuda geralmente é conduzido a uma clínica de recuperação, mas muitos acabam fugindo ou voltando ao vício, mesmo após ter concluído o tratamento.

Pelo menos é isso que acreditam os profissionais que atuam na área e que, pela primeira vez, apontam uma outra dificuldade para o tratamento da dependência: a má qualificação daqueles que lidam com dependentes químicos. A falha possibilita a reincidência do usuário.

Segundo o delegado de Direitos Humanos do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, Cláudio Leite, na maioria dos casos, os envolvidos no tratamento de dependentes químicos contam apenas com a boa vontade. "A falta de qualificação não colabora para a mudança desta realidade, mas sim com o aumento das desistências".

Ainda de acordo com Cláudio Leite, muitas famílias investem em tratamentos que não são eficazes, pois costumam observar apenas a estrutura esquecem de priorizar a capacitação daqueles que irão participar do tratamento. "A família também deve estar preparada para acompanhar o tratamento", explica.

Necessidades


O presidente do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas (Cepod), Herman Normando, comenta que a má qualificação dos profissionais é apenas um dos fatores que contribui para a reincidência dos usuários. Normando cita ainda o fácil acesso às drogas durante o tratamento e a negligência no cumprimento de normas e leis que regulam estes tratamentos.

"Muitos não aceitam a abstenção, querem usar medicamentos para continuar sentindo os falsos prazeres das drogas. A família, acreditando na cura, retira o doente", esclarece.

Herman Normando, ressalta que, no Ceará, existe a necessidade de treinar os profissionais da saúde e de oferecer condições para que as clínicas se estruturem conforme as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "É preciso que as clínicas sejam fiscalizadas, auxiliadas e cadastradas nos órgão competentes", diz.

Dados

 
No Ceará, não há estatísticas oficiais sobre o assunto, porém, estudo realizado pela Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (Febract) detectou que de cada 100 pessoas que iniciam o tratamento, 50% recaem nos primeiros seis meses, 40% voltam às drogas em um ano, e apenas 10% se recuperam. Conforme relatório mundial de drogas 2010, existem cerca de 900 mil dependentes químicos no Brasil.

OPORTUNIDADE 

Febract oferece capacitação
Devido ao alto índice de consumo de entorpecentes observado no relatório mundial de drogas 2010 e a falta de preparo da família e dos profissionais que lidam com dependentes químicos, a Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (Febract) está oferecendo curso para coordenadores e monitores de clínicas de recuperação.

O objetivo é capacitar conselheiros, lideranças comunitárias, profissionais da saúde e familiares. O curso traz propostas de tratamento onde são utilizadas intervenções que possibilitam a percepção do usuário de forma holística.

Chancelado pela Universidade Salesiano de São Paulo, o curso acontecerá entre os dias 25 de abril e 4 de maio com uma carga horária de 80h. Fazem parte da equipe de profissionais psicólogos, psiquiatras, médicos e autoridades militares, entre eles alguns capacitados pela Daytop dos Estados Unidos.

Formação


"Em vários estados do Brasil já existe uma exigência pelo curso de capacitação da Febract. Pelo menos os membros da diretoria das Comunidades Terapêuticas devem ter esta formação", frisa o coordenador.

Outro objetivo dos organizadores é criar uma delegacia da Febract em Fortaleza para promover a formação permanente de profissionais que atuam nas redes de atenção integral à saúde e de assistência social a usuários de crack e outras drogas, além de familiares dos dependentes químicos.

"Pretendemos congregar as Comunidades Terapêuticas no Ceará, capacitar suas equipes, lutar pelas mesmas com o poder público, divulgar as comunidades no site, promover curso e capacitações e ceder 10% de desconto para as filiadas", diz Cláudio Leite.

ADRIANA RODRIGUES ESPECIAL PARA CIDADE

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